Quando abri os olhos não fui capaz de enxergar nada. Era um lugar apertado, percebi quando meus olhos se acostumaram um pouco com a falta de luz. Estava quente e tinha um perfume meio diferente, eu não conseguia me mover, mas não por falta de espaço total e sim porque meu corpo não obedecia aos meus comandos, eu só conseguia piscar e mais nada. As batidas do meu coração ficavam mais fortes a medida que eu tentava me movimentar e não conseguia, as lágrimas começaram a rolar e o desespero preencheu aquele lugar. Decidi parar de lutar e resolvi pensar sobre alguma coisa. A primeira que me meio a cabeça foi a minha vida. Será que eu estava vivendo-a de maneira certa e proveitosa? Será que eu estava sonhando e tendo uma chance de repensar sobre as coisas que estavam erradas? Eu ainda não conseguia entender o que estava acontecendo comigo, mas nessas idas e vindas de pensamentos e ações que eu vivia diariamente só me mostravam o quão mesquinha minha vida estava sendo. O estoque dos meus produtos estavam em falta: amor, afabilidade, empatia, solidariedade e até mesmo pessoas. Deixei que as erradas ficassem e mandei as certas irem embora, não mantive as promessas que cumpri, não me diverti com as oportunidades que me foram dadas, não me coloquei no lugar das pessoas e fui incapaz de doar aquilo que não me servia mais. As lágrimas continuavam a queimar o meu rosto, mas desta vez eu consegui erguer as minhas mãos para secá-las, mas o resto do meu corpo ainda não se movia. Eu ainda não consegui decifrar onde eu estava e o que estava acontecendo, mas inexplicavelmente meus pensamentos pareciam ajudar, continuei pensando e me lembrei de um alguém em especial que fez de tudo por mim e eu não soube apreciar. Dessa vez as lágrimas desceram mais fortes e o choro ecoou naquele lugar e meu corpo respondeu aos meus comandos. Tentei me levantar a fim de entender o que estava acontecendo, mas minha cabeça encontrou com algo duro e maciço que me fez deitar novamente. Um arrepio percorreu meu corpo quando comecei a entender a situação. O tempo passou, eu estava existindo, os sonhos foram destruídos, as lembranças apagadas e a data de comemorar a minha existência também havia mudado. Era tarde demais para tentar concertar, a vida me deu inúmeras chances e eu não soube usufruir. O amanhã para mim já não existe mais e o mundo jamais irá sorrir para mim. A única coisa que irei receber que terá vida, serão as flores que irão cobrir a minha lápide quando e se alguém lembrar quem um dia fui, ninguém.
quarta-feira, 30 de março de 2016
terça-feira, 29 de março de 2016
Esperança
Opções sempre existem, mas não é tarefa fácil o momento de escolher entre elas, principalmente quando a situação se divide em proporções e maneiras diferentes de serem classificadas na escala de satisfação, sendo ou não pessoal. Me perdi diversas vezes de formas diferentes, mas acabava parando sempre no mesmo lugar. Eu estava cansada de tentar fazer meus olhos se acostumarem com a falta de luz daquele beco sem saída que minha consciência sempre me levava. Aquele lugar era sujo, frio, as paredes úmidas e o clima o mais pesado possível. Acho que eu sempre vagava por ali por me sentir parte daquele lugar, era exatamente assim que meu coração poderia ser denominado. Assim como o beco escuro, frio, sem vida e com uma nuvem escura tampando minha alma e me impedindo de escolher entre as poucas opções que me restavam: paixão, atração e esperança, cujo eu já havia descartado diversas vezes, mas que sempre voltava e me deixava usá-la novamente. A paixão me cegava, a atração me iludia e eu ficava ali, perdida naquela linha de fogo, sem ter a capacidade de pensar racionalmente no que fazer. Eu não conseguia me desfazer de uma delas, mesmo sabendo que me faziam mal, porém eu sabia que não poderia ter todas. Acabei optando pela esperança, porque depois de todas as dores, lágrimas, raiva, revolta e todo e qualquer sentimento que me forçou a mandá-la ir embora, foram os mesmos motivos que a fizeram voltar. A partir dali eu soube que a esperança era de fato a última a morrer e que se eu não a escolhesse a única coisa me restaria seriam as lembranças que jamais poderiam ser revividas, pois uma vez aprendi que o tempo passa e o que muda não são as coisas e sim as pessoas.
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