Quantas são as vantagens que se pode tirar de uma vida onde apenas se sobrevive? Quais são as opções para um coração que bate fraco, uma mente que pensa rápido e um corpo que obedece lento? As perguntas eram infintas, mas as respostas eram mínimas. Complicado, talvez fosse a fronteira entre a dúvida e a certeza. A dúvida se as repostas chegariam e a certeza de que a vida sempre me questionaria. Meu limite estava quase no fim, ler, pensar, escrever, não eram mais coisas simples como antes, agora requeriam muita energia, algo que eu já não tinha há muito tempo. Eu precisava encontrar algo que me reerguesse, que clareasse tudo aquilo que meu campo de visão não me permitia enxergar, e que de uma maneira não tradicional, respondesse meu questionamento interno e fizesse com que meu corpo obedecesse aos meus comandos. As ideias não estavam claras na minha mente e eu não conseguia imaginar como ou por onde começar. Eu também não queria desistir assim tão fácil, afinal de contas eram as perguntas que moviam o mundo. E se as perguntas fossem a resposta para a minha vida? Deixar que elas me movessem assim como fazem com o universo lá fora, será que poderia mudar tudo? As cores seriam mais vivas, meu coração dançaria conforme o ritmo tocado e minhas pernas alcançariam o objetivo sem tropeçar? Talvez, só talvez, eu estivesse precipitando meus pensamentos, que até então eram um pouco escassos, mas eu sabia que não poderia transformar, algo que ainda nem aconteceu, em um total fracasso. A vida não se baseava em talvez, disso eu tinha consciência, porém uma vez eu aprendi que a dúvida, as vezes, era a única saída desse mar de enigmas, pois a certeza, ocasionalmente, era a exclusiva causa de não aceitarmos o risco de ousar viver sem indagar a nós mesmos.
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Inspiração
A inspiração tinha ido embora, não havia deixado nada para trás além da minha vontade em tê-la de volta. Talvez fossem os lugares que não me permitiam usufruir da minha imaginação. Andei pela casa toda, meu quarto, sacada, jardim, mas nada acontecia. Coloquei as melhores músicas para tocar, li historias que eu adorava, tomei café e chá, deitei na grama e observei o céu, deitei na rede sentindo o balançar daquele vai e vem, folheei álbuns de fotografias antigas, observei o por do sol e tentei me deleitar com aquela visão, mas ainda assim nada acontecia. Será mesmo que a inspiração tinha esquecido de mim? Esquecido de quem éramos quando estamos juntas? Havia mesmo esquecido da sintonia que tínhamos ao criarmos um conto? Eu não conseguia pensar em um motivo racional para caracterizar o vazio que eu sentia agora, um vazio que eu não sabia como preencher, que eu não sabia de onde vinha e não sabia quando ia acabar. A única certeza que eu tinha no momento, era de que todas as palavras que estavam diante dos meu olhos, nunca haviam sido escritas por mim, pareciam ter sido levadas para um lugar sombrio e distante. Estava bem complicado processar que a minha única companhia não quis me dar uma segunda chance. Opa, agora que falei em chance, consigo entender em partes o motivo de eu ter sido abandonada. Eu havia desamparado a minha inspiração primeiro, ela havia batido na minha porta diversas vezes e por muito tempo eu não abri, e quando finalmente eu sai da minha zona de conforto para recebê-la, era ela quem não me queria mais. A partida da minha inspiração seria o começo de uma nova era para tudo o que eu caracterizava como "motivo" para a minha escrita? Será que o vazio que me perturbava era uma espécie de silêncio para o meu abandono? Talvez eu estivesse louca, talvez eu não estava raciocinando antes de responder tantas perguntas, mas não podemos viver a vida baseada em talvez. A única certeza que eu tinha agora, era que eu deixaria todas as portas abertas para receber de volta a minha inspiração, para deixar ela entrar e bagunçar tudo dentro de mim, porque ela sabia que a sintonia que sempre tivemos, era consequência da confusão que minhas emoções sempre gostaram de experimentar.
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