Por um longo período da minha vida, foi difícil perceber que a solidão era a minha companhia favorita. Por um tempo mais curto, foi menos difícil perceber que amor, só se fosse o próprio. E por um curtíssimo espaço de tempo, foi fácil encontrar e descobrir um pouco de quem eu era. Esse equilíbrio entre tempo e decisão, foi onde eu percebi que ficar sozinha não era um hobbie, não era uma opção e nem uma escolha, era meu mundo. Eu tinha que aprender como viver sozinha ao lado de alguém, pensei diversas vezes que seria complicado, mas ao mesmo tempo eu sabia que não seria impossível. A questão era descobrir o que eu precisava, porque o que eu queria eu já possuía. Ouvi diversas vezes que para termos algo na vida, vez ou outra, teríamos que abrir mão de alguma coisa. Mas eu não me sentia pronta para abrir mão de mim, para abrir mão da relação que eu havia criado comigo mesmo e de tudo que eu havia construído nesse tempo, tudo que havia conquistado com a minha consciência como companhia. Talvez todo esse pensamento fosse egoísta, mas não seria fácil trocar a certeza pela dúvida. O orgulho falava mais alto, não dava para ouvir a razão, menos ainda o coração, mas para mim, ainda não havia existido sensação mais libertadora do que ser a própria companhia.