sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Dúvida

Eu não queria duvidar que o amor era algo que todo mundo sentia e nem que era algo compartilhado. Mas eu só conseguia acreditar e enxergar que ele deixava um espaço vazio e de difícil acesso.
 A dúvida me consumia todos os dias e me perseguia como uma sombra, eu já não sabia mais se eu duvidava do sentimento ou se eu duvidava que pudesse senti-lo. 
Em um papel perto de minha cama, comecei a marcar com pontos azuis os dias que eu acreditava ser capaz de amar e com pontos vermelhos os dias que eu duvidava que o amor era real, que eu seria capaz de expressar e sentir.
No fim foram vinte pontinhos azuis e vinte um vermelhos, nessa briga entre o coração e a razão.
Em consequência desse um ponto duvidoso a mais, a única certeza que eu tinha era que a dúvida era o único caminho para descobrir o que eu seria capaz de sentir.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Promessas

Prometi que nunca mais ia chorar, que não voltaria atrás e nem deixaria que as lembranças virassem uma espécie de tormento em minha cabeça. Prometi que não me importaria com o que as pessoas dissessem sobre mim, que a opinião alheia não seria suficiente para me colocar para baixo. Prometi que tudo seria diferente e que eu aprenderia a olhar sempre adiante sem me lembrar que atrás de mim teve alguma coisa. Prometi que aceitaria o calor do sol e a brisa do vento me banhando mesmo que não fossem desejados. Prometi que me livraria das coisas que me faziam lembrar do que eu não deveria e queimaria as evidências em uma fogueira no meio da noite para que a luz do fogo fosse a única coisa capaz de achar minha sombra. Prometi que não me importaria se um mais um são dois ou se as ondas são do mar. Foram tantas as promessas com um mesmo objetivo de cumprir uma única que seria responsável pelo resto. A promessa de nunca esperar que nada fosse o motivo do meu coração bater mais forte, minha respiração soar mais lenta e minha alma mais transparente.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Liberdade

Era a primeira vez em anos que eu me sentia livre. A sensação era tão boa que tudo em minha volta virou um grande tanto faz. Eu não me importava se o céu era realmente azul durante a noite, se o fim era o inicio de um novo começo, ou se a vida era um ciclo que terminava na morte.
O que era realmente importante era a essência daquele momento, as coisas que me faziam sorrir feito boba, a brisa beijando meu rosto e o vento deixando meu cabelo desgrenhado sob meu rosto corado.
Tudo que antes não fazia sentido para mim passou a ter quando aprendi a gozar das coisas boas da vida, quando deixei de sobreviver e aprendi a viver, quando deixei a vida me ensinar que o tempo é o melhor remédio para encontrar seu próprio caminho e fazer dele a liberdade que o mundo não nos permite ter.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Condenação

Talvez não houvesse mais uma solução para mim, a minha alma  estava real e definitivamente condenada. 
Não era escolha, era só consequência do ontem. Não sei ao certo, se é tão ruim a zona em que minha alma chegou. 
Antes de ser condenada para sempre a prisão solitária do hoje, ela foi condenada a outra muito pior no passado. 
Ficou presa na enganação e ilusão de um amor que não valia a pena e que ao final esvaiu-se com o choque da realidade e virou poeira, junto com as lembranças guardadas no canto daquela prateleira velha, com as fotos de quando minha alma ainda sabia e praticava a arte de sorrir. Mas de uma forma estranhamente positiva, a condenação era uma válvula de escape para a liberdade que meu coração precisava para bater apenas para me manter viva.