Eu achava que a gente se conhecia, mas estava totalmente enganada, quer dizer...talvez!
Aquela troca de olhares que existia entre nós já não tinha mais o mesmo brilho, a mesma intenção e nem o mesmo significado. A intensidade daquela luz que irradiava daquelas grandes esferas, se esvaiu deixando apenas uma cortina de pequenos pontos pretos, que se formava quando os olhos decidiam render-se ao sono. Naquela noite, pude observar de perto aquele rosto que, já não era mais tão familiar, mas que deixou muitas recordações que o tempo jamais poderá anular e nem dissipar. Aquele rosto meio comprido, com a boca fina e vermelha, com as bochechas rosadas e cobertas de algumas sardas, era a definição de um anjo. Um anjo sem asas, que iria "voar" para longe de mim quando o feixe de luz insiste em entrar pela minha janela na manhã seguinte. Passei meus dedos pelos seus cabelos dourados e continuei o percurso desenhando o formato de seu rosto, por último acompanhei o contorno de sua boca, tão vermelha, que parecia está coberta de sangue. Parei ali por um tempo, respirando baixo para não acordar aquela criatura, que parecia frágil e indefesa. Revivi momentos inesquecíveis, enquanto admirava sua beleza única e foi inviável não tocar seus lábios, que estavam quentes e rígidos. Ergui minha cabeça para sair, quando suas pálpebras revelaram suas enormes esferas azuis, que encontraram as minhas. Naquele momento o brilho ainda não era o mesmo, mas ainda assim brilhava. Me aninhei em seus braços e deixei meu corpo descansar em seu peito quente e nu, só por aquela noite (...)
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