sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Cores


Não tinha cor, nome, explicação, definição ou analogia. Simplesmente não tinha nada, mas não era um nada de vazio e nem de solidão, eu só não sabia como explicar a vastidão daquele vago que as palavras não podiam preencher. Eu não sabia se estava dependente, viciada, ou sei lá como classificar aquilo que eu estava sentindo. Eu só sabia que não haviam palavras que pudessem enaltecer tudo aquilo que estava acontecendo dentro de mim. Eram sorrisos, suspiros, brilhos nos olhos, magia na fala e uma balançada na alma, uma dança rítmica divina de todas essas ações involuntárias e conectadas em um passo só. Ela era o motivo de o sol nascer brilhante e vibrante, de as flores se abrirem, do balanço das copas das árvores, da dança na mata, da junção do ar e da terra em uma apresentação na gravidade, do canto dos pássaros, da poesia da paisagem do lado de fora da minha janela, da brisa fria do vento, da orquestra da natureza, da lua mais linda e cheia, da festa das estrelas e do movimento do universo, do meu pequeno universo. As cores tiveram outros tons para mim. Os tons frios já não eram mais tão frios e tristes, o branco, o cinza e o preto se tornaram os tons da sua pele, do seu sorriso, do seu cabelo e de suas lágrimas. Era uma imagem clássica e perfeita de uma arte sublime e totalmente realística. A dança das cores quentes em sua pele era a minha parte favorita. O vermelho que tingia desde seus lábios até a ponta dos seus dedos, davam a sua aparência um tom glorioso de uma pele sensível, macia e quase que intocável. O rosa que enrubesce em suas bochechas era o tom que mais combinava com sua pele pálida e aveludada. Mas as cores frias também lhe davam um charme. O roxo em contraste com a delicadeza de sua pele transbordava calmaria e serenidade, em contraste com o azul apresentava uma analogia perfeita do encontro do céu e do mar e em contraste com o verde representava a paz e o equilíbrio com a mãe natureza. Ela e as cores eram uma sintonia perfeita, uma mistura fantástica de tudo que há de mais divino do lado de cá. A vida e a sua beleza nunca foram tão extraordinárias, até que o arco íris em seu corpo apresentou a verdadeira paridade do equilíbrio entre o amor e a arte. 






Nenhum comentário:

Postar um comentário