quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Veneno

Sim, eu não podia negar que estava viciada, que havia me entregado de forma irrestrita e incondicional. Desde o começo eu sabia que seria algo venenoso, mas não era um veneno ruim, era algo que me dava poder e controle de manter minha sanidade saciada. Eu repetia aquele ciclo de duas a cinco vezes por dia, de forma jubilosa, mas mesmo que tudo estivesse do jeito que eu adorava, com todas as possibilidades e direitos que eu poderia ter, meu ego nunca estava totalmente satisfeito. Tentei fugir daquela sensação que me perseguia onde quer que eu fosse, visitei diferentes lugares, pessoas e descobri que a distração não resolvia o meu caso. Quando eu finalmente conseguia, mesmo que por pouco tempo, uma válvula de escape, aquele veneno, que era o meu vício diário, aparecia de diferentes maneiras para me provocar, tirar de mim a paz que eu buscava para não cair em tentação e quando eu percebia já era tarde demais. Eu sempre cedia no final, me entregava aquele mar de descobertas, que mesmo sendo praticadas todos os dias, me ensinava algo novo. Estava penoso correr da realidade que piscava em letras grandes em minha testa, eu já tinha viciado e tinha consciência de que o prazer gerado por aquele veneno era doce e irresistível e tentar esquivar daquele mundo que me pertencia nunca foi uma opção relevante.

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