segunda-feira, 15 de junho de 2015

Infância

O dia estava bom, comparado aos anteriores que só chovia e fazia frio, a luz daquele sol tocava minha pele e a sensação era muito boa. Mas eu não havia saído de casa apenas pelo sol, eu queria visitar um lugar antigo que eu gostava de ir quando criança para brincar e ler. O lugar tinha uma árvore enorme, que fazia uma sombra maior ainda que sempre nos acolhia. Estava eu ali, diante do meu passado, tentando não pensar no futuro, caminhei até lá e encontrei no tronco da árvore, a marca que eu e uma amiga fizemos na infância. Sentei e fiquei observando aquele lugar, lembrando de como era gostoso não saber o significado de problemas. Quando caia, levantava limpava a sujeira da roupa e voltava a brincar, se machucasse mamãe dava o beijo que ''cura'' e dizia que tudo ia ficar bem. Mas sempre vinha aquele assunto de querer ser adulta, querer crescer e ser alguém, um desejo que toda criança almeja, sem saber que nada é como imaginamos ser. Queremos liberdade e ganhamos a prisão, queremos amor e recebemos ilusão, desejamos o bem e nos desejam o mal, entre muitas outras coisas que sonhamos e que não é fácil de conseguir. Descobrimos tarde demais, que o mundo não é uma máquina de realização de desejos e que as pessoas nem sempre são quem aparentam ser. Fiquei ali desejando voltar a minha infância, onde minha preocupação era se no dia seguinte eu poderia continuar a brincar. Agora o que me resta é apenas a vontade que não consola e uma realidade que esconde o passado e nos da como foco principal a ilusão de um clichê que tudo um dia vai mudar.

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