quarta-feira, 10 de junho de 2015

Mundos

Cansaço já não era a palavra certa para descrever meu estado de espírito. Todos os dias eu deixava o café esfriar, a fumaça dissipava em meu rosto e o aquecia com o vapor. Fazia um certo tempo, não sei ao certo o quanto, que o café não me servia mais como bebida, mas sim como um enfeite  em minhas mãos ou em minha mesa. Eu já não sabia o que fazer, leituras, filmes e textos de minha autoria, já faziam parte de um lado oculto em meus dois mundos, real e imaginário. Comecei a sentir-me no meio de meus dois universos, em uma linha que ninguém pisou antes, a ponto de me sentir tão pesada que nem a falta de gravidade me fazia flutuar. Acordei dessa transição, indecisa de meus atos futuros e sem  muita recordação dos meus atos passados, que provavelmente, eram a causa de meus devaneios. E ainda mais intrigante, era eu não entender, desde quando me tornei esse tipo de pessoa, que não sabe o mundo que pertence. A minha única certeza, era que eu pertencia a um mundo que eu não podia viver, como o que visitei em meu momento de transição. Lá ele fazia de mim um ser totalmente sem capacidade de definir as coisas da forma que elas realmente são e isso me deixava viver, sem ter que conviver, com a dor que o mundo real passa, através de descobertas que as ações do cotidiano provocam em nossa alma, dando a ela um cansaço sem data para ter um final.

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