No meio da leitura de um livro, antes esquecido, na estante do meu quarto, encontrei uma foto do outono passado. Fixei meu olhar naquela imagem, da rua coberta por folhas, que as árvores derrubavam como gotas de uma tempestade, em escalas do amarelo ao marrom e deixei minha mente viajar no tempo. Ali, dentro daquela lembrança, eu ainda tinha a quem amar, o que fazer e aonde ir. Casualmente frequentávamos um parque, que apesar de abandonado, nos saudava com um por do sol, jamais visto em filmes, ou em qualquer outro lugar que eu já tivesse visitado. Todos os dias íamos lá, mas no outono, era mais especial, recebíamos a brisa no rosto, cabelos esvoaçantes, que vinham como uma espécie de bônus, que arrancavam sorrisos da cena, mesmo que comum, o tempo todo. Mas agora, tudo o que me restava, era uma rua limpa, um banco vazio, ventos sem graça e uma alma envergonhada, pois aquele glorioso outono passado, não havia levado só as folhas espalhadas pelo chão, também levou meu coração, que agora chorava por saber que seu outono, nunca mais chegaria com a mesma beleza.
sexta-feira, 29 de maio de 2015
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Portal
A fumaça do chocolate quente se dissipava sobre minha cabeça, imersa em pensamentos, distante da realidade que me rodeia. Meu olhar estava longe, além da xícara em minhas mãos, além da janela e além da paisagem que me presenteava lá fora. Eu me sentia vazia, de uma forma positiva, eu acho. Borboletas, pássaros e outros animais, dançavam para lá e para cá, diante dos meus olhos, que mesmo fixos em um ponto não identificado, não deixava de notar as belezas à sua volta. Mas eu não me recordava, que coisas desse tipo, eram comuns ali, o clima era geralmente muito frio e a presença de criaturas assim, era quase zero. Parecia um outro lugar, em meu momento fixação, pisquei uma vez, sumiram as borboletas, duas vezes sumiram os pássaros e em consequência de cada piscada, era algo que desaparecia como fumaça. No final, me dei conta de que o vazio que eu sentia, era minha imaginação, que estava cansada de criar, paraísos sem um portal para entrar.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Desconhecido
O dia estava escuro, o sol decidiu não nascer, o frio nos saudava
com arrepios pelo corpo e as árvores com ventos gelados, que sopravam um som ao
redor do ouvido, mas surpreendentemente não chovia. Decidi sair, não aguentava mais
olhar as paredes e minhas fotos da infância, adolescência e as atuais, espalhadas
pelo meu quarto. Eu ainda estava de pijamas e não quis me trocar, coloquei meu
casaco por cima, luvas, meias e minha galocha vermelha. Caminhei para uma rua,
da qual eu não me lembrava que existia ali e ao final dela havia um túnel. No
decorrer do caminho, percebi que as árvores tinham poucas folhas e galhos finos e salientes, era assustador, mas minha curiosidade foi
maior que o medo, então decidi continuar. Quando parei na porta do túnel, notei que ele
não era tão escuro, não como eu imaginava que seria e dei o primeiro passo
adiante, segui apoiando na parede lateral esquerda e fui andando devagar, era
meio úmido e áspero, meus dedos estavam dormentes pelo frio e doíam um pouco,
mas eu não parei. Como nos clichês, havia uma luz no fim do túnel, a porta era
bem iluminada, que atrapalhava minha visão, entrei ali e quando abri os olhos
havia um enorme deck flutuando em uma lagoa, com água cristalina, que mais
parecia uma piscina sem fim, um pequeno barco e um senhor parado junto a ele.
Cheguei até lá e ele me entregou um cartão, parecido com um ticket, e me deu a
mão para entrar, segurei firme, entrei, sentei no lugar indicado por
ele e partimos. Fiquei fascinada com tudo que vi, que nem consegui dizer nada e quando finalmente abri a boca, o senhor levantou a mão indicando silêncio e
disse ‘o desconhecido é o principio do destino’. Virei-me para olhar onde estávamos
e me assustei ao perceber que estava em meu quarto, eu tinha certeza de que não
havia sido um sonho, pois quando abri a mão o cartãozinho estava lá, olhei com atenção
e achei o sentido do que havia acontecido, na palavra destacada no verso do
cartão, ''escolha''. Eu havia optado pelo
desconhecido e deixado o medo para trás, minha decisão foi o principio do meu destino,
que havia começado após a travessia por aquela porta.
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Lamparina
As árvores eram enormes e as copas cortadas em um formato
redondo, as sombras cobriam metade do caminho, mas as árvores ficavam de
ambos os lados e a estrada ficava
totalmente escura. Eu tinha medo de sair dali e ao mesmo tempo tinha medo de
ficar, porém o meu medo atingia um ponto ainda mais curioso, que era saber,
como e quem havia me deixado ali. A ultima recordação que vinha em minha mente,
antes de ser deixada ali, era de uma pessoa dizendo bem pertinho do meu ouvido, que
tudo ficaria bem e depois acordei, nessa estrada escura e vazia, sozinha, com
meus pensamentos perdidos e com apenas uma lamparina, muito antiga, nas mãos. Sentei no meio da rua, de terra vermelha, na
posição de lótus e coloquei a lamparina entre as pernas, senti uma sensação
estranha de estar no meio do nada, com apenas um ponto de luz de companhia,
fechei os olhos e comecei a gritar que aquilo não era real, mas só eu podia
escutar, pois o grito só ecoava em minha cabeça. Não sei quanto tempo fiquei de
olhos fechados, porque quando os abri novamente, já estava claro e o sol começava
a me saudar, por razões obvias, eu tinha caído no sono, pois não havia
explicação mais lógica, do que essa, para a minha situação. Quando finalmente
reuni forças para levantar e fazer meu caminho, na verdade pensar por onde
começar a seguir, eu escutei um barulho e vinha de uma árvore bem próxima de
mim. Fui até lá e encontrei um papel fixado nela, que dizia ''Foi ideia minha
deixar você aqui, nesse mundo escuro, vazio e sem graça, pois é exatamente
assim que me sinto, quando você vai embora''. Descobri quem era o
autor e quando abri a boca para chamar seu nome, o avistei do outro lado, com
as mãos estendidas para mim, caminhei até lá e me atirei em seus braços, contemplando aquela visão, agora perceptível, rogando as céus que aquele momento nunca tivesse fim. Esperamos a noite cair novamente e pegamos a lamparina, deixando aquela pequena luz, ser o inicio da nossa caminhada para o futuro que o vazio criou.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Pesadelo
Porque seria diferente dessa vez, eu sabia que diria a verdade na sua cara, pois na noite passada, eu ouvi você sussurrando coisas para as paredes, te ouvir dizer que estava na hora de encarar a realidade e eu tinha certeza que essa realidade era eu. Fui até o meu quarto e fiquei sentada ouvindo meus próprios pensamentos, confesso que tive medo do que me diria quando passasse por aquela porta, mas ao mesmo tempo, eu não aguentava mais de ansiedade para saber do que se tratava. Era duas horas da tarde, o dia estava extremamente frio e triste, o ponteiro do relógio permanecia no mesmo lugar, as horas não passavam. Levantei e fiquei observando a janela, a chuva que caia lá fora estava bem fininha, quase não dava para ver. Não sei quanto tempo fiquei paralisada com tal cena, pois quando percebi, você já estava dentro do quarto, olhei o relógio e marcava cinco horas. Seu único gesto, foi indicar a cama para que eu me sentasse, obedeci e fiquei te observando, seu rosto estava impassível, não indicava absolutamente nada, além de uma figura dura e fria. Quando me levantei, você balançou a cabeça negativamente e eu me sentei novamente, fui ficando cada vez mais nervosa com sua aproximação e a única coisa que fez, foi deixar um beijo frio em minha testa e um papel pardo em minhas mãos. Eu já sabia o que era, ou pelo menos achava que sabia. Você se foi e eu não fiz nada para impedir, abri o papel e lá dentro havia uma folha, com um parágrafo pequeno, dizendo que você ia embora porque tinha encontrado uma cura para minhas dúvidas, fiquei sem entender e fui até a janela chamar pelo seu nome. Era tarde demais, seu carro já estava longe e eu com o coração destruído, fui até a sala e antes de me jogar no sofá, encontrei um outro bilhete dizendo que mais tarde chegaria um presente para mim, curiosa, fiquei ali esperando. As nove horas da noite, ouço um toc toc na porta e quando abro encontro uma caixa, peguei-a rapidamente e voltei para meu lugar. Quando a abri, havia um coração lá dentro, peguei-o e vi um papel no fundo que dizia ''mesmo após a morte quero deixar claro pra você, que meu coração será sempre seu''. Abracei aquele pequeno presente e deixei as lágrimas falarem por mim, desejando que aquilo passasse, adormeci na esperança estupida de acordar e encontrar você para me dizer que foi tudo um pesadelo.
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Lembranças
Era uma tarde comum, de quarta -feira, presenteada com um por do sol, rajado em laranjado vibrante. Sentei na sacada e observei-o por um tempo, minutos depois tive um vislumbre, que me lembrou você. De uma forma pouco comum, quando ergui meus olhos na direção do céu, aquela luz me lembrou o brilho dos seus olhos, a maneira como as nuvens se encaixavam, lembrou-me seus delicados movimentos, como quando você tira o cabelo que pende sob seu rosto e abre aquele sorriso até os olhos, que faz minha respiração dissipar-se no ar, como uma partícula de poeira, que voa sem rumo até pousar e descansar. Comecei a reviver momentos, relembrando gargalhadas em meio a conversas sem fim, cada beijo roubado e cada abraço dado em um dia frio. Repentinamente começou a chover, meu rosto foi coberto por pequenas gotinhas geladas, queimando contra a minha pele quente e foram escorrendo em meios a lágrimas, que insistiram em cair, fazendo-me despertar, de um sonho com os olhos abertos e perceber que mesmo em meio a tantas lembranças, a única coisa que meu coração insiste em querer, é você. Mesmo que o preço a pagar, fosse sacrificar as memórias que vivi antes de te encontrar.
sexta-feira, 15 de maio de 2015
Reflexo
Passaram-se horas e eu continuava a observar o teto, impassível e ansiosa, sem saber onde minha mente chegaria. Liguei o som com músicas lentas, um fundo para aquela nostalgia rara e comecei a ler um livro empoeirado, que estava escondido atrás de um enfeite velho, na minha prateleira. Algum tempo depois, minha mente permanecia vazia, eu não conseguia concentrar em nada por muito tempo, optei por um filme, um romance dos anos 80/90 e de uma forma muito rápida e pouco comum, meus olhos pesados, fizeram a sala diminuir e escurecer, cai no sono. Acordei assustada, com um barulho vindo da porta, sonolenta caminhei até lá e encontrei uma caixa branca, com uma fita vermelha ao redor, formando um enorme laço e ao lado, havia um cartão pardo com meu nome. Não avistei ninguém, peguei a caixa, meio confusa, entrei e sentei-me no sofá, abri o cartão e lá dizia 'Não se esqueça de lembrar'. Incrédula e sonolenta, pisquei repetidas vezes, afim de desembaçar minha visão. Achei tudo muito estranho, não havia assinatura do autor, resolvi continuar o que fazia, deixando de lado, a curiosidade em descobrir o sentindo daquela ação, resolvi abri a caixa "misteriosa", e para minha surpresa, não havia nada de especial ali, além de um espelho velho, emoldurado com flores, que já estavam enferrujando. Me senti deslocada, por não conseguir compreender o que estava acontecendo, esfreguei os olhos, belisquei meu braço, achando que tudo não passava de um sonho, foi tudo em vão, não era um sonho, me senti mais idiota que nunca, agora além da curiosidade, meu braço ardia. Peguei o espelho e lá estava, meu rosto, pálido, frio, confuso e triste, refletindo através de meus olhos, fundos e escuros, uma alma sem vida. Encarei-me por um breve momento, e pensei por um instante, que eu sabia o significado daquilo tudo. Eu precisava, não me esquecer, de lembrar de mim mesmo, encarar o presente e começar tudo outra vez, de uma forma diferente e que de tal maneira, me fizesse, refazer a cena de segundos atrás e encontrar um reflexo diferente, iluminado, direcionado e que refletisse, a cor de uma alma com vida. Sem pensar em nada, virei o espelho e atrás havia uma mensagem 'O amor é memorável, as lembranças inesquecíveis, o futuro invisível e você inigualável. Abracei o espelho, comecei a sorrir e descobri quem era o bem feitor, guardei-o de volta na caixa e lembrei-me da última coisa, que ele havia me dito, antes de eu ir embora 'Na vida tudo tem um fim, mas para cada fim há um novo começo'.
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Solidão
Não tão no alto de uma colina, cercada por uma grama
extremamente verde e um riacho de água cristalina, dividindo um campo de flores
coloridas, havia uma pequena casa, com uma vidraça na frente. Todos os dias,
quando eu passava por ali, via um rosto na janela me observando, mas nunca
sorria ou acenava de volta para mim. Na manhã seguinte, parei ao lado oposto a
casa e comecei a jogar pétalas de diversas cores, na água. De repente a porta
se abriu e de lá, saiu uma criança, era a menina mais linda que eu já tinha visto
em minha vida, cabelos dourados cobriam-lhe os ombros, olhos azuis como o céu e
a boca era delicadamente, um fio delineado e vermelho como o sangue. Ela me
observou da escada e eu chamei-a. A medida que ela se aproximava eu notava que
ela não sorria, mas em sua mão carregava um coração partido e quando finalmente chegou perto de mim,
segurou minhas mãos e entregou-me o coração, o juntou na palma de minhas mãos úmidas,
e virou e refez o trecho de volta para a casa. Comecei a segui-la e segurei seu
frágil braço e a encarei em busca de respostas, apenas movimentando os lábios
disse 'O amor regenera a alma', finalmente soltei seu braço e ela sumiu como um
clarão diante dos meus olhos. Sentei ali, tentando entender o que tinha acabado
de acontecer. Após revirar a minha mente do avesso, lembrei o quanto em pedaços
eu me sentia, por não saber amar, pois se eu soubesse, me regeneraria como
aquele coração, que agora eu carregava nas mãos, recebido daquele que menos
entende o motivo de tanta tristeza, que divide, não só o coração, mas também a
alma, que padece por trás da vergonha de viver na solidão.
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Feixe de Luz
Acordei em uma tarde nublada de outono, havia um pequeno feixe de luz dançando em meu peito nu. Sentei e o observei caminhar pelo meu corpo despido, até parar em minha mão, tentei pegá-lo, mas foi em vão. Levantei-me, vesti meu roupão e fui até o jardim, que estava coberto de folhas amareladas e secas, ventava forte, as folhas começaram uma dança no ar, e eu me juntei a elas. Fechei os olhos e me entreguei aquela ação, sem sentido talvez, mas um pouco restauradora. Abri os olhos novamente e estava em uma estrada coberta por árvores floridas, em um vermelho vivo. A rua não tinha fim e nem começo, era uma reta tão grande, que me tornei incapaz de decidir para qual lado andar. Gritei ao som da liberdade e minha voz ecoou no meio das árvores, inesperadamente veio um som em resposta, de trás de uma delas. Fui em busca do autor, procurei uma, duas, cinco, quinze, trinta árvores e nada. Sentei no meio da estrada, abracei os joelhos e sussurrei que aquilo não era real, de repente um outro feixe de luz, iluminou meu pé e para minha surpresa, sempre que eu procurava de onde vinha, ele sumia. Levantei-me e fui até uma árvore de tronco largo, que estava a minha esquerda, caminhei sem fazer ruído e a encontrei, com um espelho na mão tentando me atrair para junto de si. Ela sorriu, me deu um beijo na testa e pegou-me pelas mãos, me levou até um pequeno barco, em uma lagoa de água absurdamente clara. Subimos juntas, nos sentamos e ela me abraçou, dizendo que aquele lugar chamava imaginação, me pediu para fechar os olhos e disse que sempre ia me visitar, quando eu deixasse minha mente passear e se afogar em sonhos. Acordei com frio, estava no meu jardim, deitada sobre a grama e coberta de folhas, que começavam a grudar em minha pele, pois a chuva começava a cair. Levantei e caminhei para dentro de casa, fui até o meu quarto e segui para o banheiro, após o banho revigorante, deitei em minha cama e achei um pequeno espelho no parapeito da minha janela. Peguei-o e o coloquei ao meu lado, fechei os olhos e me entreguei ao sono, para assim encontra-la novamente, no mundo que havia sido criado para nós.
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Caixa
Aquele dia havia sido difícil, encontrei a nossa caixa de lembranças enterrada no jardim, ao fundo da minha casa. Quando a abri, achei a primeira foto que tiramos, o nosso anel de plástico, desses encontrados em chicletes premiados, testes de revistas, fotos de lugares que desejávamos ir e bem no fundo, tinha a primeira carta que recebi. Fiquei olhando tudo aquilo, repassando todos os momentos em minha cabeça, me sentindo fútil e medíocre ao mesmo tempo. Comecei a chorar com os braços em volta das pernas e o rosto escondido no meio das mesmas. Ergui minha cabeça depois de um tempo, sentindo o sol queimar a minha pele, molhada pelas lágrimas. Algo repentino me veio a mente, juntei tudo em seu devido lugar e joguei ao fogo, deixando queimar as lembranças de um passado que um dia me fez sorrir de uma maneira fora do comum. Mas agora, era tudo tão vazio, que fazia minha alma esconder-se atrás de sua vergonha. Vergonha de chorar por tudo que a fez acreditar, antes de ser cobrido por uma camada de terra fria, e pedras, que metaforicamente, eram duras e sem vida, como o meu coração era agora.
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Presságio
Acordei com o coração acelerado, dançando uma melodia extremamente alta e sem ritmo. Me olhei no espelho, percebi o quão pálida estava e a lágrima que brotava em meus olhos e ameaçava cair. Caminhei até o jardim e percebi que a recordação que vagava em minha mente não havia sido um sonho, o fato era real e doloroso, uma dor insuportável ao olhos e ao coração. Minhas fotos estavam espalhadas, meu urso rasgado ao meio e meus presentes queimados na fogueira próxima ao meu balanço de infância. Sentei na grama tentando absorver aquela cena, ao qual eu jamais me esqueceria. Eu odiava aquele cara, eu sabia que o mal feitor era ele e aquilo fazia de mim o ser humano mais fútil que existia naquele momento. Comecei a chorar, só percebi que a noite havia chegado pelo frio que cobria meu corpo, arrepiando cada centímetro após cada gota de chuva que o banhava. Quando consegui levantar eu a vi, parada na minha frente, com as mãos estendidas, me convidando para entrar. Já no quarto ela me secou e me ajudou a colocar um roupão, soprou minhas mãos que tremiam e me pediu para fechar os olhos. Eu a obedeci, após alguns minutos ela sussurrou no meu ouvido 'pode abrir'. Comecei a olhar em volta e o quarto estava cheio de fotos nossas, na cama havia o urso e todos os outros presentes queimados mais cedo, exceto por um anel, com um bilhete dizendo ' Agora será eterno, te amo'. Comecei a chorar e ela me abraçou forte, nos despimos a luz da lua, que agora, era a única no quarto e deitamos. Entrelaçamos as mãos e eu observei a lareira impassiva, que a cada piscada, pesava meus olhos diminuindo o fogo. E de alguma forma as lembranças iam junto e aquele calor que eu sentia mesmo estando nua, aqueceu a minha alma e deu a ela o sentido que havia perdido até antes da chuva chegar.
segunda-feira, 4 de maio de 2015
Sonho
Estava escuro lá fora, exceto por uma luz muito fraca sobre a cama desarrumada , recém colocada no jardim para comtemplar as estrelas! Atitude pouco comum , um tanto impulsiva mas surpreendentemente romântica. Fiquei observando atrás da cadeira de balanço na varanda lateral acompanhando cada movimento.Ela dançava na grama coberta de orvalho , graciosamente arrumando cada detalhe para aquele momento , seus pés atingiram uma cor avermelhada por causa do frio , e de certa forma aquilo lhe dava um toque delicamente sexy. Seu corpo coberto por um roupão azul marinho realçava a cor de seus enormes olhos , enquanto o cabelo pendia-se sob seu belo rosto e pairava nos lábios vermelhos e bem delineados. Caminhei fascinadamente sem fazer nenhum ruído e parei perto cama. Observei-a e me deitei , senti aquele cheiro suave dos lençóis e ergui meus olhos para o céu que estava recheado de estrelas , era de tirar o fôlego, entre elas uma brilhava mais e decidi dar o nome dela para tal. Fechei os olhos sentindo a brisa esperando ela voltar , minutos depois adormeci. Despertei rapidamente sentindo pelo vento aquele cheirinho doce e conhecido de seu perfume , ela se aproximava , mas eu decidi não abri os olhos. Ela se deitou ao meu lado , meu coração parou, comecei a sentir sua respiração quente e lenta no meu rosto , e finalmente seus lábios tocaram os meus, eram macios e estavam gelados , tinha um gosto adocicado a sensação era divina. Algo que nunca senti antes ocorreu naquela hora , meu corpo respondeu com arrepios e meu coração acelerou como nunca. Abri meus olhos e os ergui em busca dos dela, mas não os encontrei. Sentei rapidamente e ela se dissipou como fumaça. Pisquei 3 vezes , estava no meu quarto, era uma manhã ensolarada mas fresca , abri a janela respirei fundo sentindo o calor tocar minha pele. Caminhei ate sair do quarto , olhei pra trás , minha cama estava desarrumada , eu sorri e senti aquele gosto doce nos meus lábios e então eu me dei conta que de alguma forma , meu sonho havia sido real.
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Lareira
A lareira ardia diante dos meus olhos pesados e do meu corpo nu, corri os olhos pelo quarto e a neve ainda caia , me espreguicei no meio dos lençóis e levantei. A janela estava meio aberta , fazendo as cortinas voarem, ecoava-se um som contra as paredes e junto a esse ritmo meu corpo se arrepiava e tremia. Caminhei devagar ate lá, fechei a janela e abri as cortinas, encostei a palma das mãos no vidro gelado, depois encostei o peito nu e pude sentir uma corrente elétrica como resposta do meu corpo. Sentei ali e descansei as mãos no meu colo, soprei a janela fazendo a vidraça embaçar, comecei a rabisca-la e imaginar que talvez ela não demorasse a voltar. Ouvi um barulho vindo do closet e fui verificar . Quando entrei, ela estava lá , sorrindo pra mim com as mãos cheias de fotos que ela havia feito enquanto eu dormia, quando o vento me fez arrepiar e tremer , com meu corpo contra o vidro gelado e as ultimas, que eram meus rabiscos na janela, aparecendo ao lado de minhas costas nua e meu cabelo sobre os seios. Uma pequena lágrima queimou em minha pele e em seguida seus compridos dedos a enxugaram e um beijo foi deixado ali. Segurei sua mão a beijei e deixei meu rosto descansar por um momento, fui surpreendida por um abraço, meu peito contra sua roupa quente, suas mãos enrolando meu cabelo, permanecemos assim por alguns minutos. Mesmo não querendo sair daquele aconchego de seus braços , estendi a mão e convidei-a a se deitar comigo. Ela se despiu e juntou-se a mim e aos lençóis com o nosso perfume. Ganhei um beijo casto e doce nos lábios e me virei para observar a lareira mais uma vez . Ela me abraçou , entrelaçamos as mãos e eu deixei a chama sumir nos meus olhos e eternizei o momento em um sonho que chegou antes mesmo de eu adormecer.
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