sexta-feira, 29 de maio de 2015

Outono

No meio da leitura de um livro, antes esquecido, na estante do meu quarto, encontrei uma foto do outono passado. Fixei meu olhar naquela imagem, da rua coberta por folhas, que as árvores derrubavam como gotas de uma tempestade, em escalas do amarelo ao marrom e deixei minha mente viajar no tempo. Ali, dentro daquela lembrança, eu ainda tinha a quem amar, o que fazer e aonde ir. Casualmente frequentávamos um parque, que apesar de abandonado, nos saudava com um por do sol, jamais visto em filmes, ou em qualquer outro lugar que eu já tivesse visitado. Todos os dias íamos lá, mas no outono, era mais especial, recebíamos a brisa no rosto, cabelos esvoaçantes, que vinham como uma espécie de bônus, que arrancavam sorrisos da cena, mesmo que comum, o tempo todo. Mas agora, tudo o que me restava, era uma rua limpa, um banco vazio, ventos sem graça e uma alma envergonhada, pois aquele glorioso outono passado, não havia levado só as folhas espalhadas pelo chão, também levou meu coração, que agora chorava por saber que seu outono, nunca mais chegaria com a mesma beleza.

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