As árvores eram enormes e as copas cortadas em um formato
redondo, as sombras cobriam metade do caminho, mas as árvores ficavam de
ambos os lados e a estrada ficava
totalmente escura. Eu tinha medo de sair dali e ao mesmo tempo tinha medo de
ficar, porém o meu medo atingia um ponto ainda mais curioso, que era saber,
como e quem havia me deixado ali. A ultima recordação que vinha em minha mente,
antes de ser deixada ali, era de uma pessoa dizendo bem pertinho do meu ouvido, que
tudo ficaria bem e depois acordei, nessa estrada escura e vazia, sozinha, com
meus pensamentos perdidos e com apenas uma lamparina, muito antiga, nas mãos. Sentei no meio da rua, de terra vermelha, na
posição de lótus e coloquei a lamparina entre as pernas, senti uma sensação
estranha de estar no meio do nada, com apenas um ponto de luz de companhia,
fechei os olhos e comecei a gritar que aquilo não era real, mas só eu podia
escutar, pois o grito só ecoava em minha cabeça. Não sei quanto tempo fiquei de
olhos fechados, porque quando os abri novamente, já estava claro e o sol começava
a me saudar, por razões obvias, eu tinha caído no sono, pois não havia
explicação mais lógica, do que essa, para a minha situação. Quando finalmente
reuni forças para levantar e fazer meu caminho, na verdade pensar por onde
começar a seguir, eu escutei um barulho e vinha de uma árvore bem próxima de
mim. Fui até lá e encontrei um papel fixado nela, que dizia ''Foi ideia minha
deixar você aqui, nesse mundo escuro, vazio e sem graça, pois é exatamente
assim que me sinto, quando você vai embora''. Descobri quem era o
autor e quando abri a boca para chamar seu nome, o avistei do outro lado, com
as mãos estendidas para mim, caminhei até lá e me atirei em seus braços, contemplando aquela visão, agora perceptível, rogando as céus que aquele momento nunca tivesse fim. Esperamos a noite cair novamente e pegamos a lamparina, deixando aquela pequena luz, ser o inicio da nossa caminhada para o futuro que o vazio criou.
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