sexta-feira, 1 de maio de 2015

Lareira



A lareira ardia diante dos meus olhos pesados e do meu corpo nu, corri os olhos pelo quarto e a neve  ainda caia , me espreguicei no meio dos lençóis e levantei. A janela estava meio aberta , fazendo as cortinas voarem, ecoava-se um som contra as paredes e junto a esse ritmo meu corpo se arrepiava e tremia. Caminhei devagar ate lá, fechei a janela e abri as cortinas, encostei a palma das mãos no vidro gelado, depois encostei o peito nu e pude sentir uma corrente elétrica como resposta do meu corpo. Sentei ali e descansei as mãos no meu colo, soprei a janela fazendo a vidraça embaçar, comecei a rabisca-la e imaginar que talvez ela não demorasse a voltar. Ouvi um barulho vindo do closet e fui verificar . Quando entrei, ela estava lá , sorrindo pra mim com as mãos cheias de fotos que ela havia feito enquanto eu dormia, quando o vento me fez arrepiar e tremer , com meu corpo contra o vidro gelado e as ultimas, que eram meus rabiscos na janela, aparecendo ao lado de minhas costas nua e meu cabelo sobre os seios. Uma pequena lágrima queimou em minha pele e em seguida seus compridos dedos a enxugaram e um beijo foi deixado ali. Segurei sua mão a beijei e deixei meu rosto descansar por um momento, fui surpreendida por um abraço, meu peito contra sua roupa quente, suas mãos enrolando meu cabelo, permanecemos assim por alguns minutos. Mesmo não querendo sair daquele aconchego de seus braços , estendi a mão e  convidei-a a se deitar comigo. Ela se despiu e juntou-se a mim e aos lençóis com o nosso perfume. Ganhei um beijo casto e doce nos lábios e me virei para observar a lareira mais uma vez . Ela me abraçou , entrelaçamos as mãos e eu deixei a chama sumir nos meus olhos e eternizei o momento em um sonho que chegou antes mesmo de eu adormecer.

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