Aquele dia havia sido difícil, encontrei a nossa caixa de lembranças enterrada no jardim, ao fundo da minha casa. Quando a abri, achei a primeira foto que tiramos, o nosso anel de plástico, desses encontrados em chicletes premiados, testes de revistas, fotos de lugares que desejávamos ir e bem no fundo, tinha a primeira carta que recebi. Fiquei olhando tudo aquilo, repassando todos os momentos em minha cabeça, me sentindo fútil e medíocre ao mesmo tempo. Comecei a chorar com os braços em volta das pernas e o rosto escondido no meio das mesmas. Ergui minha cabeça depois de um tempo, sentindo o sol queimar a minha pele, molhada pelas lágrimas. Algo repentino me veio a mente, juntei tudo em seu devido lugar e joguei ao fogo, deixando queimar as lembranças de um passado que um dia me fez sorrir de uma maneira fora do comum. Mas agora, era tudo tão vazio, que fazia minha alma esconder-se atrás de sua vergonha. Vergonha de chorar por tudo que a fez acreditar, antes de ser cobrido por uma camada de terra fria, e pedras, que metaforicamente, eram duras e sem vida, como o meu coração era agora.
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