Acordei com o coração acelerado, dançando uma melodia extremamente alta e sem ritmo. Me olhei no espelho, percebi o quão pálida estava e a lágrima que brotava em meus olhos e ameaçava cair. Caminhei até o jardim e percebi que a recordação que vagava em minha mente não havia sido um sonho, o fato era real e doloroso, uma dor insuportável ao olhos e ao coração. Minhas fotos estavam espalhadas, meu urso rasgado ao meio e meus presentes queimados na fogueira próxima ao meu balanço de infância. Sentei na grama tentando absorver aquela cena, ao qual eu jamais me esqueceria. Eu odiava aquele cara, eu sabia que o mal feitor era ele e aquilo fazia de mim o ser humano mais fútil que existia naquele momento. Comecei a chorar, só percebi que a noite havia chegado pelo frio que cobria meu corpo, arrepiando cada centímetro após cada gota de chuva que o banhava. Quando consegui levantar eu a vi, parada na minha frente, com as mãos estendidas, me convidando para entrar. Já no quarto ela me secou e me ajudou a colocar um roupão, soprou minhas mãos que tremiam e me pediu para fechar os olhos. Eu a obedeci, após alguns minutos ela sussurrou no meu ouvido 'pode abrir'. Comecei a olhar em volta e o quarto estava cheio de fotos nossas, na cama havia o urso e todos os outros presentes queimados mais cedo, exceto por um anel, com um bilhete dizendo ' Agora será eterno, te amo'. Comecei a chorar e ela me abraçou forte, nos despimos a luz da lua, que agora, era a única no quarto e deitamos. Entrelaçamos as mãos e eu observei a lareira impassiva, que a cada piscada, pesava meus olhos diminuindo o fogo. E de alguma forma as lembranças iam junto e aquele calor que eu sentia mesmo estando nua, aqueceu a minha alma e deu a ela o sentido que havia perdido até antes da chuva chegar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário