quarta-feira, 20 de maio de 2015

Pesadelo

Porque seria diferente dessa vez, eu sabia que diria a verdade na sua cara, pois na noite passada, eu ouvi você sussurrando coisas para as paredes, te ouvir dizer que estava na hora de encarar a realidade e eu tinha certeza que essa realidade era eu. Fui até o meu quarto e fiquei sentada ouvindo meus próprios pensamentos, confesso que tive medo do que me diria quando passasse por aquela porta, mas ao mesmo tempo, eu não aguentava mais de ansiedade para saber do que se tratava. Era duas horas da tarde, o dia estava extremamente frio e triste, o ponteiro do relógio permanecia no mesmo lugar, as horas não passavam. Levantei e fiquei observando a janela, a chuva que caia lá fora estava bem fininha, quase não dava para ver. Não sei quanto tempo fiquei paralisada com tal cena, pois quando percebi, você já estava dentro do quarto, olhei o relógio e marcava cinco horas. Seu único gesto, foi indicar a cama para que eu me sentasse, obedeci e fiquei te observando, seu rosto estava impassível, não indicava absolutamente nada, além de uma figura dura e fria. Quando me levantei, você balançou a cabeça negativamente e eu me sentei novamente, fui ficando cada vez mais nervosa com sua aproximação e a única coisa que fez, foi deixar um beijo frio em minha testa e um papel pardo em minhas mãos. Eu já sabia o que era, ou pelo menos achava que sabia. Você se foi e eu não fiz nada para impedir, abri o papel e lá dentro havia uma folha, com um parágrafo pequeno, dizendo que você ia embora porque tinha encontrado uma cura para minhas dúvidas, fiquei sem entender e fui até a janela chamar pelo seu nome. Era tarde demais, seu carro já estava longe e eu com o coração destruído, fui até a sala e antes de me jogar no sofá, encontrei um outro  bilhete dizendo que mais tarde chegaria um presente para mim, curiosa, fiquei ali esperando. As nove horas da noite, ouço um toc toc na porta e quando abro encontro uma caixa, peguei-a rapidamente e voltei para meu lugar. Quando a abri, havia um coração lá dentro, peguei-o e vi um papel no fundo que dizia ''mesmo após a morte quero deixar claro pra você, que meu coração será sempre seu''. Abracei aquele pequeno presente e deixei as lágrimas falarem por mim, desejando que aquilo passasse, adormeci na esperança estupida de acordar e encontrar você para me dizer que foi tudo um pesadelo.

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