segunda-feira, 25 de maio de 2015

Desconhecido

O dia estava escuro, o sol decidiu não nascer, o frio nos saudava com arrepios pelo corpo e as árvores com ventos gelados, que sopravam um som ao redor do ouvido, mas surpreendentemente não chovia. Decidi sair, não aguentava mais olhar as paredes e minhas fotos da infância, adolescência e as atuais, espalhadas pelo meu quarto. Eu ainda estava de pijamas e não quis me trocar, coloquei meu casaco por cima, luvas, meias e minha galocha vermelha. Caminhei para uma rua, da qual eu não me lembrava que existia ali e ao final dela havia um túnel. No decorrer do caminho, percebi que as árvores tinham poucas folhas e galhos finos e salientes, era assustador, mas minha curiosidade foi maior que o medo, então decidi continuar. Quando parei na porta do túnel, notei que ele não era tão escuro, não como eu imaginava que seria e dei o primeiro passo adiante, segui apoiando na parede lateral esquerda e fui andando devagar, era meio úmido e áspero, meus dedos estavam dormentes pelo frio e doíam um pouco, mas eu não parei. Como nos clichês, havia uma luz no fim do túnel, a porta era bem iluminada, que atrapalhava minha visão, entrei ali e quando abri os olhos havia um enorme deck flutuando em uma lagoa, com água cristalina, que mais parecia uma piscina sem fim, um pequeno barco e um senhor parado junto a ele. Cheguei até lá e ele me entregou um cartão, parecido com um ticket, e me deu a mão para entrar, segurei firme, entrei, sentei no lugar indicado por ele e partimos. Fiquei fascinada com tudo que vi, que nem consegui dizer nada e quando finalmente abri a boca, o senhor levantou a mão indicando silêncio e disse ‘o desconhecido é o principio do destino’. Virei-me para olhar onde estávamos e me assustei ao perceber que estava em meu quarto, eu tinha certeza de que não havia sido um sonho, pois quando abri a mão o cartãozinho estava lá, olhei com atenção e achei o sentido do que havia acontecido, na palavra destacada no verso do cartão, ''escolha''.  Eu havia optado pelo desconhecido e deixado o medo para trás, minha decisão foi o principio do meu destino, que havia começado após a travessia por aquela porta.

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