O dia estava escuro, o sol decidiu não nascer, o frio nos saudava
com arrepios pelo corpo e as árvores com ventos gelados, que sopravam um som ao
redor do ouvido, mas surpreendentemente não chovia. Decidi sair, não aguentava mais
olhar as paredes e minhas fotos da infância, adolescência e as atuais, espalhadas
pelo meu quarto. Eu ainda estava de pijamas e não quis me trocar, coloquei meu
casaco por cima, luvas, meias e minha galocha vermelha. Caminhei para uma rua,
da qual eu não me lembrava que existia ali e ao final dela havia um túnel. No
decorrer do caminho, percebi que as árvores tinham poucas folhas e galhos finos e salientes, era assustador, mas minha curiosidade foi
maior que o medo, então decidi continuar. Quando parei na porta do túnel, notei que ele
não era tão escuro, não como eu imaginava que seria e dei o primeiro passo
adiante, segui apoiando na parede lateral esquerda e fui andando devagar, era
meio úmido e áspero, meus dedos estavam dormentes pelo frio e doíam um pouco,
mas eu não parei. Como nos clichês, havia uma luz no fim do túnel, a porta era
bem iluminada, que atrapalhava minha visão, entrei ali e quando abri os olhos
havia um enorme deck flutuando em uma lagoa, com água cristalina, que mais
parecia uma piscina sem fim, um pequeno barco e um senhor parado junto a ele.
Cheguei até lá e ele me entregou um cartão, parecido com um ticket, e me deu a
mão para entrar, segurei firme, entrei, sentei no lugar indicado por
ele e partimos. Fiquei fascinada com tudo que vi, que nem consegui dizer nada e quando finalmente abri a boca, o senhor levantou a mão indicando silêncio e
disse ‘o desconhecido é o principio do destino’. Virei-me para olhar onde estávamos
e me assustei ao perceber que estava em meu quarto, eu tinha certeza de que não
havia sido um sonho, pois quando abri a mão o cartãozinho estava lá, olhei com atenção
e achei o sentido do que havia acontecido, na palavra destacada no verso do
cartão, ''escolha''. Eu havia optado pelo
desconhecido e deixado o medo para trás, minha decisão foi o principio do meu destino,
que havia começado após a travessia por aquela porta.
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